terça-feira, 28 de maio de 2013

O Trabalho, Enfim.


(...) Coração alanceado ante o sofrimento de tantas criaturas, não contive a interrogação penosa:

– Meu amigo, como é triste a reunião de tantos sofredores e torturados! Por que este quadro angustioso?

Tobias respondeu sem se perturbar:

– Não devemos observar aqui somente dor e desolação. Lembre, meu irmão, que estes doentes estão atendidos, que já se retiraram do Umbral, onde tantas armadilhas aguardam os imprevidentes, descuidosos de si mesmos. Nestes pavilhões, pelo menos, já se preparam para o serviço regenerador. Quanto às lágrimas que vertem, recordemos que devem a si mesmos esses padecimentos. A vida do homem estará centralizada onde centralize ele o próprio coração.

E depois de uma pausa, em que parecia surdo a tantos clamores, acentuou:

– São contrabandistas na vida eterna.

– Como assim? - atalhei, interessado.

O interlocutor sorriu e respondeu em voz firme:

– Acreditavam que as mercadorias propriamente terrestres teriam o mesmo valor nos planos do Espírito. Supunham que o prazer criminoso, o poder do dinheiro, a revolta contra a lei e a imposição dos caprichos atravessariam as fronteiras do túmulo e vigorariam aqui também, oferecendo-lhes ensejos a disparates novos. Foram negociantes imprevidentes. Esqueceram de cambiar as posses materiais em créditos espirituais. Não aprenderam as mais simples operações de câmbio no mundo. Quando iam a Londres, trocavam contos de réis por libras esterlinas; entretanto, nem com a certeza matemática da morte carnal se animaram a adquirir os valores da espiritualidade. Agora... que fazer? Temos os milionários das sensações físicas transformados em mendigos da alma. (...)

Livro: Nosso Lar, pelo espírito André Luiz, de Francisco Candido Xavier.

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